Este senhor teve escritório por mais de 30 anos no prédio onde por acaso também trabalho. Às vezes o cumprimentava no Elevador. Sabia, é claro, que se tratava de uma das poucas figuras vivas do racionalismo construtivo da Arquitetura Moderna Paulista que teve em Vilanova Artigas seu maior mentor.
Figura austera, espírito altamente crítico, de idéias muito objetivas sobre quase tudo, Joaquim Guedes não perdera seus ideais considerados às vezes um tanto intransigentes. "Na dúvida, optava sempre pela polêmica", menciona o neto Bruno na Folha. Era demolidor em suas críticas, impetuoso, como lembra a família. Defendia suas fortes opiniões mesmo com o passar dos anos. "Ele se sentia como se tivesse 30 anos. Morreu precoce mesmo aos 76."
Tamanha foi minha revolta em saber que Guedes, um senhor de 76 anos, tinha sido atropelado e morto às 20hs de um domingo, atravessando a Nove de Julho. Testemunhas mencionam que foi uma Pajero prata, que fugiu em alta velocidade sem prestar socorro. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2907200819.htm Pra mim tem gosto de mais um (dos muitos) absurdos da nossa risonha pós-modernidade brasileira: Urbanista morrer atropelado.
A frase título desse post pertence à Joaquim Guedes.