segunda-feira, novembro 27, 2006

Anna Politkovskaia




Na quinta feira passada, morreu envenenado com polônio (mateiral radioativo) numa cama de hospital em Londres o ex-tenente coronel da FSB (antiga KGB) Alexander Litvnenko (
http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/6163502.stm ).Residia em Londres exilado desde 2001 quando fugiu da Rússia de Putin e publicou o livro "Blowing up Russia: Terror from Within", no qual sustenta que a própria FSB, e não os tchechenos, estava por trás das explosões dos blocos de apartamentos em setembro de 1999 (http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/3389895.stm). Durante e após sua carreira de espião Litvenko teve relações próximas com atores importantes da atual crise geopólítica russa, tais como: O ex-presidente Boris Yeltsin (foi secretário de segurança do seu mandato),O suspeito magnata Boris Berezovsky (também exilado em Londres e seu patrocinador), foi colega de Valdimir Putin quando este também era coronel da FSB, com a Máfia Russa, rebeldes Tchechenos e líderes da Al Quaeda como Ayman al - Zawahiri.
Trabalhava em estreita colaboração também com Anna Politkovskaia (foto), e investigava sua morte ocorrida em outubro passado, antes de ele próprio falecer.
Anna Stepanovna Politkovskaia, (Nova Iorque, 30 de agosto de 1958 — Moscovo, 7 de Outubro de 2006) foi uma jornalista russa conhecida pela cobertura crítica à guerra na Tchetchénia e ao governo do presidente Vladimir Putin.
Anna Politkovskaia nasceu na cidade de Nova Iorque devido ao fato dos seus pais (de origem ucraniana) serem diplomatas na Organização das Nações Unidas (ONU). Anna foi enviada de volta para a Rússia pelos pais, onde realizou os seus estudos. Em 1980 formou-se em jornalismo pela Universidade Estatal de Moscou. Iniciou a sua carreira no jornal Izvestiya.
Em 1998 visitou a Tchetchénia pela primeira vez enquanto jornalista do Obshchaya Gazeta. Desde 1999 era jornalista do Novaya Gazeta, bissemanário independente russo. Foi nesse época que se iniciou a segunda guerra na Tchetchénia, que Politkovskaia cobria com relatos sobre as dificuldades enfrentadas pela população civil e sobre abusos cometidos pelas autoridades russas durante o conflito.
Em Fevereiro de 2001 foi detida no sul da Tchetchénia pelo exército russo sob acusação de ter obtido informações secretas. Oito meses depois refugiou-se em Viena, depois de ter recebido por correio eletrônico várias ameaças de um policial russo que Politkovskaia acusou ter cometido abusos.
Em Outubro de 2002 foi uma das mediadoras na crise do teatro Dubrovka gerada quando um grupo de rebeldes da Tchetchénia sequestrou um grupo de pessoas que assistia a uma espectáculo (que terminou em mais de 100 mortos). Em Setembro de 2004 tentou ser mediadora voluntária no caso da escola de Beslan, na Ossétia do Norte, mas ficou doente tendo sido levada para um hospital de Rostov-on-Don onde lhe foi diagnosticado um envenenamento. Politkovskaia afirmou que não tinha ingerido nada naquele dia, a não ser o chá que lhe foi servido durante o vôo.
Anna Politkovskaia foi assassinada à tiros em 7 de Outubro de 2006 em Moscou. O seu corpo foi descoberto por uma vizinha no elevador do prédio no qual habitava.
Desde 1999, 40 jornalistas foram assasinados na Rússia de Vladimir Putin.

Fonte:
Human Rights Watch
www.hrw.org
BBC
http://www.bbc.co.uk/
Wikipedia
http://www.wikipedia.org

Sessão Segundona

Pneu furou
Acende o farol, acende o farol
Se alguém ligou
Acende o farol, acende o farol
Se alguém ligou, minha senhora
Se alguém lhe amou, e foi-se embora (2x)
Você pode se ajudar
Você deve se encontrar
E viver tranquilamente
Sentindo disposto
Pneu furou
Acende o farol, acende o farol
Se alguém ligou
Acende o farol, acende o farol
Se alguém ligou, minha senhora
Se alguém lhe amou, e foi-se embora (2x)
Você pode se ajudar
Você deve se encontrar
E viver tranquilamente
Sentindo disposto
Pneu furou
Acende o farol, acende o farol
Se alguém ligou
Acende o farol, acende o farol
Se alguém ligou, minha senhora
Se alguém lhe amou, e foi-se embora (2x)

Acenda o Farol
Tim Maia

sábado, novembro 25, 2006

Ateliê de Ianelli

"O Atêlie do Ianelli é integrado por 12 casas antigas que Ianelli foi adquirindo e reformando desde a década de 60. O muro alto e o portão de ferro escondem esta vila na Aclimação. Um jardim com folhagens típicas da mata atlântica vai revelando outras linhas da mão do artista. “É muito bom mexer na terra, plantar”, conta. “Não gosto de ficar podando. Prefiro deixar as plantas crescendo à vontade, com as formas de sua própria natureza.”O caminho que leva ao ateliê é entremeado de réplicas de estátuas renascentistas e fontes. No piso de cimento das calçadas, dos corredores e das escadas, Ianelli também gravou o seu desenho. “O meu lazer é o meu trabalho”, diz. “Só saio daqui e só viajo se for por algum motivo relacionado à arte.”



sexta-feira, novembro 24, 2006

A Filosofia Pensa

Boa parte dos pensamentos que julgo valer à pena postar neste blog têm ainda um plano em comum, ou um norte talvez. A Filosofia é este norte, ou, seria melhor dizer, aquilo que entendo por Filosofia.
Porquê? Não foi consciente ou proposital. A Filosofia é para mim um interesse relativamente recente. Por fruto de um estado de espírito atual, integrado e ao mesmo tempo liberto de mim mesmo e do ambiente, peguei esta estrada. Entretanto, particularidades não me interessam (nem mesmo as minhas) e valem pouco quando se fala de Identidade e de outras inter-relações da Filosofia com o indivíduo.
A Identidade não nasce com o indivíduo. Ele está condenado a construí-la. Não se nasce artesão, professor, teórico, prático, alienado ou conformista. Cria-se esta identidade. Os animais são presos ao seu próprio instinto, impulsos, desejos pré-determinados, definidos, fechados e já nascem com sua vida pré-estabelecida. O Ser humano não. Nada lhe é dado pronto, fechado. O ser humano é prisioneiro do fazer, do agir/interagir, da busca pelo significado, do controle dos desejos, da escolha entre opções, do conhecimento e expansão de suas potencialidades, de uma função de crescimento contínuo e da construção de sua Identidade.
A Filosofia não se contrapõe ao processo desta construção, complementa-o como um ferramental necessário à reflexão do pré-fazer, problematizando as escolhas. Para apropriar-se de um problema filosófico-comportamental, não é suficiente entendê-lo. É preciso vivê-lo, senti-lo na pele, dramatizá-lo, sofrê-lo, sentir-se ameaçado por ele e sentir que as bases do seu status quo pessoal foram alteradas. O elemento experimental da apropriação do problema filosófico é composto ao mesmo tempo do elemento racional como também do emocional.
Num plano superior desta experiência, Filosofia pode ser aquilo que interconecta Arte e Ciência, (aqui vai uma interpretação bem livre de Deleuze). Imaginando que nenhuma detêm supremacia sobre a outra, Filosofia, Arte e Ciência acabam se sobrepondo na criação do novo e de novas interpretações e conceitos. A Arte expressa-os através de sensações qualitativas, sempre ligadas ao afetivo, surpreendendo, alegrando, impactando, gerando emoções. A Ciência cria valores quantitativos, geralmente com base num referencial fixo, expressos numa linguagem racional, regrada e matemática. A Filosofia é o conceito por trás da obra de arte ou da descoberta científica. E conceitos também ocorrem fora destas duas esferas.
A Filosofia tem suas próprias esferas: Ontologia (Quem sou Eu?) Epistemologia (O que é o Saber?) Lógica (O que é a Razão?) Ética (O que é o Certo?) e Estética (O que é o Belo?) são suas divisões mais didáticas e conhecidas, mas suas abordagens são infinitas.
Uma das abordagens que mais me interessa hoje é a relação esterilizante entre o conhecimento da Filosofia e as neuroses da sociedade pós-moderna.
Fazer, criar, transformar,optar, etc...não são a mesma coisa que comprar pronto, reproduzir, mimetizar.
Mesmo não sendo os únicos atores do nosso destino individual, a consciência crítica e a construção do significado são hoje os antídotos contra os fetiches neuróticos e mistificações que a sociedade pós-industrial parece querer nos impôr via tendências universalizantes de comportamento e de mercadologia.


Fonte: Várias: Aulas do Professor Sigmar Malvezzi, O cinema pensa de Julio Cabrera, o Webdeleuze
http://www.webdeleuze.com/ e a Wikipédia http://www.wikipedia.org/, entre muitas.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Belfiore



Este aqui é um post de protesto. Uma amiga me disse hoje, que fecharam o Casa Belfiore. Não tô falando do CB e sim da casa mesmo na rua Souza Lima.Putz, Passei tanta sexta-feira lá...

Mesa escura, cheia de gente e mais gente chegando. Cortina de veludo vermelho. Fumaça de cigarro.Cervejas e cognac. The Clash no juke box :(...I wanna move the town to the clash city rockers, you need a little jump of electrical shockers...)

...que nem sei o que falar. Toda sexta depois do trampo alguém ia pra lá primeiro e chamava um, que chamava outro, que vinha de carona, ou chegava sozinho, atrasava...

-Liga de novo pra ele!!! Papo comendo solto, tranquilo. Mesa animada. Risadas e besteiras. Albúm de figurinhas da copa. Anos 80. Novelas. Heleninha Roitman.Do outro lado da mesa, papo sério: Relacionamentos que não dão certo, Viagens, Teses...

A comida não era lá essas coisas. Às vezes faltava luz, e dá-lhe vela. O banheiro comunitário então, nem sei como as meninas sentavam.Nas outras mesas, meia dúzia de gatos pingados. Lá pelas 9 quase todo mundo já tava lá, fora o nosso Godot de sempre. Olho no relógio. Às 11 o bar fecha. Tem uma vizinha que é procuradora de justiça e aciona o psiu direto, me conta o Doorman...

11:40 da noite. A conta tá na mesa faz tempo, mas ninguém liga pra ela.Godot chegou e como é sexta feira sempre anda de branco e conta :- Outro dia me perguntaram: Vc é pai-de-santo? -

Pra onde ir. Belfis novo?, La Farina?, Arouchão básico?...

Pronto. Chega. Tô puto.

Do La Farina falo outro dia.

segunda-feira, novembro 20, 2006

sábado, novembro 18, 2006

Pornificados

Pamela Paul é uma jornalista americana correspondente da Time, The Economist e do NY Times Book Review (http://www.pamelapaul.com/index.php?p=2). É também autora do livro Pornificados - Como a Pornografia está transformando a nossa vida, relacionamentos e famílias, lançado no Brasil pela Pensamento-Cultrix.
Quando era pré-adolescente , Playboy e alguma atriz mostrando um peito na televisão, eram acontecimentos. Esse basicamente, foi meu contato e de muitos amigos com algum tipo de pornografia.
Hoje entretanto, a coisa está um pouco diferente. Entre os indícios que percebo, um é receber quase semanalmente algum tipo de pornografia hard pela internet (e quem manda são os mais variados tipos de amigos, dos intelectuais aos solteirões-boêmios) e notar, quando estou no escritório, que existe um site pornô não cadastrado no Firewall que acredito ter virado uma febre entre os estagiários e mesmo entre alguns gerentes.
Hoje a Pornografia está mais acessível, anônima, barata e aceitável como nunca foi, graças à Internet. 25% do conteúdo de toda Internet é Pornografia, estima-se. A Internet está repleta de material pornográfico pesado, livre, ao alcance de um clique no mouse, os canais pagos e as TVs a cabo exibem pornografia o tempo todo, as lojas de artigos eróticos vivem cheias de clientes, a mentalidade pornográfica está nas capas das revistas masculinas tradicionais, na promoção das celebridades da música, do cinema e da televisão, e nas seções de aconselhamento das publicações femininas. Alguns dizem enxergar pornografia até no porte físico de bonecas Barbie quando comparado ao das atrizes pornô.
Fato insano na sociedade é que a Pornografia tornou-se parte importante do cotidiano de muita gente.
Paul, demonsta como a invasão da Pornografia mudou a vida dentro do casamento e da família, assim como mudou a compreensão do sexo e da sexualidade na mente dos filhos. Seguem alguns retratos reais e de virar o estômago da era da pornografia, citados no livro:
- Um rapaz que exige que a namorada se comporte, na cama e fora dela, como uma atriz pornô.
- Um marido viciado em pornografia que gasta horas navegando em sites pornográficos e marcando encontros com mulheres ou casais que conhece nas salas de bate-papo, enquanto diz à esposa que está trabalhando até tarde no computador.
- Um apreciador de material pornográfico pesado e violento, que apresentou pornografia leve à noiva no afã de reanimar sua vida sexual.
- Uma esposa que descobriu arquivos de computador escondidos do marido, contendo imagens de pornografia infantil baixadas da Internet.
- Garotas pré-adolescentes que montam seus próprios sites pornográficos.
- Garotas pré-adolescentes que tem atrizes pornô como um "role- model".
- Rapazes adolescentes que, imitando cenas de filmes pornográficos, filmam a si mesmos fazendo sexo com uma garota aparentemente desacordada.
É fato comprovado cientificamente que nossa sexualidade se forma na adolescência, à partir de regras aprendidas na prática do convívio mas criadas individualmente. Que tipo de sexualidade estes adolescentes expostos à Pornografia Hardcore estão desenvolvendo? Seria bom perguntar.
Enquanto muitos homens se viciam na pornografia da internet , o consumo de Pornografia por mulheres vem aumentando também. E quando abordadas quanto ao seu uso a resposta é, em geral, uma atitude que se desculpa por se sentir geralmente chocada com as imagens pornográficas, tudo para parecer alguém "liberal". Essa pecha politicamente correta "moderninha" é a maior das armadilhas do lobby pornográfico.
Este enfoque tácito, blasè, e apático em relação ao que a Pornografia se tornou, é aspecto que mais assusta e revolta na Sociedade Pós-moderna.
O preço e as conseqüências do exagero pornografico são; o sexo sem ternura, a intimidade amorosa substituída pela fantasia solitária (ainda que acompanhados), a desconfiança, a frustração e o isolamento emocional.É isto que queremos?
Pornificados vale a leitura!
Fonte:
Website Editora Cultrix
Pamela Paul Website

sexta-feira, novembro 17, 2006

Superquadras










Morei em Brasília nos últimos 4 mêses. Agora estou em BH mas moro em São Paulo. Aqui, porém, tenho saudade de Brasília.
Quando estava lá não tinha muita saudade de nada, me adaptei e acho que curti esta cidade de um jeito bem legal. Todo domingão ia pro eixão que fica fechado para carros e caminhava uns 10 km, lavava o carrinho e lá pelas 4 da tarde ia pro Beirute (
http://veja.abril.uol.com.br/melhor_da_cidade/brasilia/bares.shtml#boteco ) ler meu Correio Braziliense como todo bom cara local. Ficava lá até umas sete e depois pegava um cineminha na academia de tênis ou sei lá...
Muita gente de fora trabalhando lá sonhava com o finde para poder voltar para SP ou RJ, mas eu não. No fim de semana pirava na superquadra de manhã (fotos), só árvore, velhinho e criança brincando. Às vezes eu acho que Brasília é o melhor lugar para se morar no Brasil. É claro que é o Plano é uma cidade extremamente excludente e elitista mas tem cultura, não tem trânsito, não tem miséria, e o povo nas baladas que eu ia se parece muito com minha turma.
Este negócio da superquadra ser tudo igual, todos os prédios iguais, 6 andares, 12-18 prédios por quadra, tudo arborizado, cria um clima na minha cabeça que o que Lucio Costa queria era uma cidade mais igualitária , onde ninguém é melhor que ninguém... O que pode ser uma grande bobagem, mas nas 400 Norte onde o povo é tudo solteiro, autônomo , estudante ou professor o clima que eu sinto é este. Um dia fui na UNB e pirei no povo e no lugar, e me deu uma puta vontade de daqui à 10 anos virar professor de lá. Quem sabe, talvez um dia...
Puta vida loca!

quarta-feira, novembro 15, 2006

Valores culturais e Desenvolvimento humano


O Mapa Cultural do Mundo apresentado acima foi elaborado pelos pesquisadores Ronald Inglehart e Christian Welzel, diretores do World Values Survey, um instituto privado de pesquisa social, com base na Suécia.
O mapa divide o mundo a partir de 2 dimensões principais uma referente à sociedade e outra referente ao indivíduo. Os países estão agrupados nas principais correntes culturais mundiais a saber: Confucionismo, Ex- Comunistas, Europa Católica, Europa Protestante, Países Anglo Saxões, América Latina, Africa e Sul-Sudoeste Asiático.
A Primeira Dimensão diz respeito à polaridade de valores seculares /racionais versus valores tradicionalistas. Países com valores tradicionalistas possuem geralmente maior enfâse em questões como religiosidade, valores ligados à família e o orgulho patriótico. A obediência é ensinada como um modelo a seguir em contraposição à independência, assim como também o respeito à autoridade. Países com valores Seculares/Racionais possuem enfâse diametralmente oposta aos fatores apresentados.
A Segunda Dimensão contrapõe tendências ligadas à sobrevivência ou, uma vez resolvida esta questão, à expressão individual. Países com forte tendência à expressão individual estão mais identificados a questões como enfâse na liberdade, manifestações públicas e tolerância a minorias de raça, classe, gênero ou opção sexual. Estão também mais integrados a questões como autonomia pessoal e confiança entre pessoas. Países com valores individuais ainda ligados à sobrevivência pessoal e econômica possuem enfâse oposta aos valores apresentados.
No quadrante inferior esquerdo do mapa localizam-se países onde são maiores as restrições tanto individuais quanto coletivas nas dimensões materiais, intelectuais ou sociais. No quadrante superior direito do mapa a oportunidade e variedade da escolha é maior nestas dimensões.

A tese que o mapa pretende ilustrar é a de que o desenvolvimento humano depende da mudança de valores. Progredir de uma condição de restrição para a escolha individual liberta o consciente da questão materialista motivando-o ao desenvolvimento, à resolução de problemas e à realizaçào do potencial individual.
Mas a mudança de valores não é um processo fácil. Depende da mínima abundância de recursos. Materiais, intelectuais e de interação social. A criação de uma cultura de percepcão de confiança e tolerância que garanta liberdade individual e de expressão e representação política identifica o que a literatura especializada costuma definir como Democracia de fato.

Antes de atingir este estágio vive-se apenas num simulacro.

Fonte: World Values Survey

http://www.worldvaluessurvey.org/

Sessão Nostalgia

From the ice-age to the dole-age
There is but one concern
And i have just discover
Some girls are bigger than others
Some girls are bigger than others
Some girls mothers are bigger than
Other girls mothers
As Anthony said to Cleopatra
As he opened a crate of ale:
Some girls are bigger than others
Some girls are bigger than others
Some girls mothers are bigger than
Other girls mothers.
Send me the pillow ...
The one that you dream on ...
Send me the pillow ...
The one that you dream on ...
And I'll send you mine
Some Girls are bigger than others
The Smiths

terça-feira, novembro 14, 2006

Sessão Biográfica - Seu Júlio

Este não é um blog autobiográfico. Este é um blog sobre conhecimento, cultura e gente.
Perdoem-me os mais conservadores porém este post terá que ser. Escrevo este post como se fosse uma homenagem.

Nunca ouvi falar de Felixlândia, mas o acaso fez que eu tivesse o prazer de conhecê-la. Felixlândia é uma cidade à 200 km de Belo Horizonte, cidade que estou à trabalho e de onde digito este post.
No sábado passado, à noite, fui de avião para Brasília (onde estive os 4 mêses anteriores) para pegar um carro que comprei no mês retrasado. O plano era trazê-lo de Brasília para BH, dirigindo. É um Lada Niva (paixão antiga de carro velho) que me custou R$ 4mil reais, que já ficaram em 6 contando a temporada que ele passou no Doutor dele lá em Brasília.
Confesso que foi uma viagem relativamente complexa. No sábado o vôo programado para às 22:25 chegou às 01:30 em Confins(graças à esta confusão atual dos planos de vôo e operação). Cheguei 03:00hs da manhã na casa de um amigo querido em Brasília apenas para dormir, levantar e sair. Entretanto, como não nos víamos a algum tempo ficamos conversando noite afora, conversa esta que provavelmente aborreceu alguma atual pretendente dele que esperava-o num quarto fechado. Durmi na sala, num colchão velho, o sono dos justos.
Acordei às 08:30 de domingo sendo cutucado por ele e ouvindo:
-Negão, vc não ia sair às 07:00hs?
Após uma rápida despedida já me encontrava na estrada à 8o km/h (velocidade particular dos Ladinhas), meus companheiros de viagem, apenas um guia 4 rodas e um maço de cigarros.
Aqui cabe um aparte sobre as estradas de Minas, em particular a BR 40. Após o trecho do DF e de Goiás , em Minas é só pasto, plantação, montanha, umas casinhas antigas além de uns raros assentamentos do MST. As cidades são muito espaçadas e são pequenos seus trechos urbanos.
Me encontrava já passados 15 km de Felixlândia quando o carro parou. Eram 18:00hs, e tinha rodado uns 550Km, faltavam 200.
E o carro parou no meio do nada. Logo depois de um córrego com o sugestivo nome de Ribeirão Manso. Parou mesmo, ligava mas não mantinha a rotação, provavelmente danificada estava a bomba de gasolina.
No meio da estrada vazia eu me encontrava. A cada 5 minutos passava um caminhão e eram raros.
Anoiteceu. O guia tinha o telefone da polícia rodoviária e da concessionária mas o celular não pegava, falta infra estrutura no Estado. Vivi estes últimos 5 mêses morando sozinho sempre rodando à trabalho, primeiro em Brasília e depois em BH e confesso gostar da liberdade. Mas sozinho no meio da estrada, tentando parar alguém, parecia testar esta minha noção, repensá-la talvez era a que eu me forçava, exagerara na curtição?
Auto controle. Breu total. Lufadas de ventos e barulho dos caminhões. Nínguem parava. Atravessei a pista. No meio da faixa um sinal para um par de luzes. E um grito também:
-Ajuda!
Uma caminhonete parou.Deu a volta e abriu o vidro:
-Olá o que foi? Sotaque castelhano forte.
-O meu carro quebrou é o Lada ali.
-Ah, te levo no mecânico sobe aí.
Era um senhor de uns 60 anos, baixo e um pouco gordo, de boné e óculos e parecia voltar de uma pescaria. Naquele momento um santo provavelemente.
A figura arrumou uma corda e tirou o carro do acostamento levando-o para uma vila de casas.
Depois me fala:
-Vamonos pra Felixlândia, achar um mecânico.
15 Km de papo. Ele disse:
-Que engraçado... quando vi vc acenando achei que era meu filho mais velho.Puxa vida...
-Qual o nome do Sr.?
-Júlio.
-João, prazer.
-Estava aqui pensando no meu irmão menino, ele tá mal, doente... meu filho de nove anos é muito ligado à ele e também sofre, isso corta o coração da gente...
Seu Júlio é medico. Funcionário da prefeitura de Felixlândia e tb de outra cidade próxima, é clínico geral, gastroenterologista, especializado em Medicina do trabalho, e perito judicial. Por alguma questão política com a Prefeitura não muito bem entendida está afastado, de férias forçadas. É também viúvo, diabético, precisa operar a próstata, adora pescaria os filhos e o irmão doente:
-Outro dia fizemos uma viagem de Minas até Lima no Peru. Fui com meu filho mais novo buscar meu irmão. Na volta, percebi que ele tinha entrado ilegalmente no Brasil, nínguem carimba nada, menino.
-Uma viagem destas por metade da América Latina?
-É, menino... muito bonita... Argentina, Chile, Colômbia...
-O Sr. tá me lembrando o filme do Che Guevara, quando jovem... o Sr. viu?
Uma risada gostosa antes de responder
-Vi claro. Lindo filme tenho o dvd...
Chegamos às 21:00hs em Felixlândia e toca correr atrás de mecânico.
-Seu Júlio, agradeço demais pela ajuda mas não quero atrapalhar....
-Deixa disso, menino , Nào se preocupe.
Seu Júlio, era uma personalidade da cidade, todo mundo conhecia, pensei por um momento que ele fosse o perfeito... Nas casinhas de vila, falando com a esposa de um, com os filhos em outra casa, mexendo com as moças na rua... todo mundo conhecia seu Júlio.... mas não encontravamos nínguém:
-O Saúva não está, vai ver o Neguinho....
Neguinho falou:
-Que carro é?
-Um Lada.
-Xiiii...
-??
-Melhor coisa é ir no Teco e guinchar.
No Teco de novo a gentileza de seu Júlio me surpreendeu;
-Teco, este aqui é um primo meu, faz um preço baratinho para levar ele pra Belo Horizonte?
-Faço 400 reais.
-No, mui caro...
-Por mim está ok seu Júlio...
Ao nos despedirmos um abraço e uma dedicatória no guia que deixei de presente. Disse à ele que é raro ver esta gentileza toda na cidade grande e me surprendi de novo quando ele citou a fábula de Diógenes (que ele citou como Sócrates):
-Não tem aquela história do Filósofo grego que andava com uma lanterna em pleno dia, dizendo; procuro um homem.... O mundo não tá assim ainda não, menino... tem gente boa no mundo ainda...

É, tem sim, seu Júlio.

sábado, novembro 11, 2006

Sessão Carpe Diem - Arvorismo no Carandiru




São Paulo ganhou um circuito de arvorismo gratuito no Parque da Juventude - Antigo Carandiru.

Para quem se interessar link tá aí
http://www.zone.com.br/centraldenegocios/index.php?destino_comum=noticia_mostra&id_noticias=17555

sexta-feira, novembro 10, 2006

A Escola de Atenas - continuação

Entretanto, não é o aspecto curioso que desejamos ressaltar na Obra. Ao inserir uma cornucópia de teses e correntes de pensamento contidas num volume arquitetônico ladeado pelas estátuas de Apolo e Atena, Rafael representa, na verdade a própria Filosofia.
Os principais 3 pontos temáticos da Filosofia Grega são: A Física (teoria da natureza) a Ética (os príncipios do comportamento) e a Lógica (as deduções do verdadeiro). Os pré- socráticos se dedicaram basicamente à Física, a Ética nasce com Sócrates e Platão e a Lógica com Aristóteles.
Voltaremos ao tema em "posts" futuros.

terça-feira, novembro 07, 2006

A Escola de Atenas


Rafael Sanzio de Urbino pintou este afresco entre 1509 e 1510 na Stanza della Signatura (a sala que Júlio II fazia despachos) no Vaticano. O afresco tem aproximadamente 8 metros de altura. Artista culto, elitista e notável, Rafael frequentou as cortes e ateliês de Urbino, Florença e posteriormente Roma. Foi também pesquisador interessado na antiguidade clássica, arqueólogo, arquiteto e pensador neo-platônico e humanista.
O que chama atenção na obra acima é seu caráter compilatório e abrangente, quase enciclopédico, uma tentativa de representar em conjunto os expoentes de quase 400 anos de filosofia clássica.
Mesmo tratando-se de uma cena profana, uma ode ao Humanismo, Rafael repete um recurso da pintura mural sacra da idade medieval ao representar figuras históricas com as feições de seus convivas contemporâneos. Dessa forma, Platão, no centro da figura foi representado com as feições de Leonardo da Vinci, seu mestre durante o período que passou em Florença. Nas escadarias representado como Heráclito seguem as feições de Michelângelo, que na mesma época executava as pinturas da Capela Sistina. À seu colega arquiteto Bramante, que o apresentou ao sumo-pontífice, reservou a figura de Euclides com o compasso do lado direito do afresco.

Crise da Representação

Uma das coisas que mais me irrita na pós-modernidade é a noção de entropia das linguagens, noção aliás muita cara e subproduto da sociedade global. Nesta, tudo vale e todas as linguagens são válidas. Todos os pontos de vista, todos os discursos, tudo amparado pela lógica da liberdade de expressão, mesmo que não haja expressão válida alguma. Nada pode ser descartado pois pode correr-se o risco de excluir algum tipo de mercado interessante (lógica esta já questionável) . O resultado deste processo é a crise de representação de valores e parâmetros da arte, da cultura e da ética, muitas vezes não por termos nos esquecido deles, ainda que subjetivos, mas por preguiça do lado do objeto e oportunismo do lado do sujeito. Atribuindo-se o mesmo peso à todos pontos de vista, acaba-se por nivelar tudo por baixo, misturar alhos com bugalhos e eleger falsos-ídolos. O pior de todo esse processo é a armadilha que se gera naquele que cria. É comum que este se pergunte constantemente sem saber de que lado está: da ruptura ou da vulgarização?
Uma boa parte da apatia tem sua raiz aí.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Um pouco de Iconoclastia para começar

Assim como qualquer fundamento importante de civilização ocidental a Filosofia nasceu na Grécia Arcaica (776 a.C. -332 a.C.), período da invenção da Pólis, dos jogos olímpicos , da democracia e do século de ouro de Péricles.
Mas a Filosofia não nasceu no continente e muito menos em Atenas, e sim nas colônias gregas da Ásia Menor e do Sul da Itália. Longe, mas contaminada pelas rupturas econômicas e sociais do período que conduziu à crise da Aristocracia, o confronto com novas percepções teóricas encontrava-se mais propício de ocorrer afastado da Pólis, das guerras e do comércio, talvez num carpe diem onde formas de comunicação mais transparentes e menos exaltadas seriam mais fácéis de conjugar.
A transição do Mito para o Logos (Razão) cria a Filosofia. Seu agente transformador é o Argumento. A narrativa épica cheia de crenças e mítica , da qual a Odisséia e a Ilíada atribuídas a Homero são os maiores respresentantes, dá lugar a uma investigação racional instada à questionar os valores e interpretações comumente aceitos como Realidade.
Numa transposição grosseira mas válida e pára-didática, Logos, Razão e Argumento são todos um conceito uno: Raciocínio que conduz à indução ou dedução de algo, prova que serve para afirmar ou negar um fato, recurso para convencer alguém, para alterar-lhe a opinião ou comportamento.
Esta discussão epistemológica (crença x conhecimento) me parece bastante atual.
A indiferença pós-moderna, o politicamente correto, o escapismo consumista e o descolamento da realidade são feitos de crenças pré-estabelecidas, e é sobre estes temas que este blog pretende contra-argumentar.
Desejo-me e aos leitores, boa sorte.