terça-feira, outubro 16, 2007

Snow Patrol - Open Your Eyes (UK version)

Adoro esse clipe. Amo essa música.

sábado, outubro 13, 2007

Eyes on Darfur



Mais de 200 mil pessoas já morreram e 2 milhões foram expulsas de suas casas desde 2003 no conflito de Darfur no oeste do Sudão.
O conflito opõe principalmente os janjawid - milicianos recrutados entre os baggara, tribos nômades africanas de língua árabe e religião muçulmana - e os povos não-árabes da área. O governo sudanês, embora negue publicamente que apóia os janjawid, tem fornecido armas e assistência e tem participado de ataques conjuntos com este grupo miliciano.
Em julho e agosto de 2006, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 1706, que prevê o envio de uma nova força de manutenção da paz da ONU, composta de 20 000 homens, para substituir as tropas da União Africana presentes no local, que contam com 7 000 soldados. O Sudão opôs-se à Resolução e, no dia seguinte, lançou uma grande ofensiva na região.
Ban-Ki-Moon declarou que este conflito também possui causas mais complexas:
...Diferentemente da Segunda Guerra Civil Sudanesa, que opôs o norte muçulmano ao sul cristão e animista, em Darfur não se trata de um conflito entre muçulmanos e não muçulmanos pois a maioria da população é muçulmana, inclusive os janjawid.
Falamos sempre de Darfur utilizando uma cômoda linguagem política e militar, descrevendo-o como um conflito étnico que opõe milícias árabes a rebeldes e agricultores negros. Mas, ao nos debruçarmos sobre as raízes desse conflito, vemos uma dinâmica mais complexa. Além das causas sociais e políticas, ele se iniciou como uma crise ecológica, provocada, em parte, por uma alteração climática.
Há duas décadas, as chuvas começaram a se tornar raras no sul do Sudão. Os cientistas pensaram que se tratava de um capricho da natureza.
Pesquisas posteriores mostraram que esse fenômeno coincidiu com um aumento da temperatura das águas do oceano Índico que perturba a estação das monções. Isso leva a pensar que a seca na África subsaariana se deve, pelo menos em parte, ao aquecimento do planeta provocado pelo homem.
Não foi por acaso que a violência deflagrou em plena seca. Um artigo recente de Stephan Paris, publicado na "Atlantic Monthly", descreve o caloroso acolhimento que os agricultores negros dispensavam aos pastores quando estes atravessavam suas terras, onde seus camelos pastavam e cujos poços partilhavam. Mas, quando deixou de chover, os agricultores ergueram barreiras, com medo de que suas terras fossem destruídas pelos rebanhos. Pela primeira vez, não houve água nem alimento para todos. E eclodiram os combates que, em 2003, se transformaram em tragédia...

A Anistia Internacional lançou em 6 de Junho, o site «Eyes on Darfur». Seu intuito é publicar fotografias via satélite das atrocidades cometidas na região Oeste do Sudão.
As fotos são uma maneira de documentar crimes negados pelo Governo sudanês. Os observadores poderão então "vigiar" 12 aldeias altamente vulneráveis do Darfur que ainda estão intactas.
O conflito de Darfur demonstra que o mundo precisa urgente de novos instrumentos políticos para solucionar problemas cada vez mais intrincados.

Fonte: http://www.eyesondarfur.org/
http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=362578
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/06/06/ult729u68034.jhtm

La Binoche



A evolução humana parou aí. Não acho que consiga produzir algo mais bonito.
E esses olhos sonhadores, são de uma mulher-amor.

Meu Avô



Meu avô paterno já não está mais nesse mundo. Desde que ele se foi queria publicar um post sobre ele. Mas tinha perdido essa foto. Não sei como, anteontem, achei essa foto num email que enviei.
Meu avô se chamava Alberto (que é o mesmo nome de meu pai e também meu segundo nome). Era uma pessoa muito bacana, bem humorada, livre, sonhador e não esquentava a cabeça. Entendia de tudo um pouco, era meio inventor, foi mecânico de automóveis no Brás nos anos 40/50, foi motorista de caminhão, trabalhou com terraplanagem no sul e acho que trabalhou também com construção civil.Era filho de português e fazia muita piada de português.Não tinha muito estudo formal mas lembro da caligrafia muito bonita que ele tinha, tipo coisa do século retrasado.
Acho que essa foto bonita representa muito ele. Tirei-a um ano antes de ele ir.
Tenho certeza que ele está muito bem, alegre e em paz.

sexta-feira, outubro 12, 2007

6 Trechos de Guy Debord e 1 de Feuerbach



1-Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação.
2-As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida e fundem-se num curso comum, de forma que a unidade da vida não mais pode ser restabelecida. A realidade considerada parcialmente reflete em sua própria unidade geral um pseudo mundo à parte, objeto de pura contemplação. A especialização das imagens do mundo acaba numa imagem autonomizada, onde o mentiroso mente a si próprio. O espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não-vivo.
3-O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação que realiza não é outra coisa senão a linguagem oficial da separação generalizada.
4-O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens.
5-O espetáculo não pode ser compreendido como abuso do mundo da visão ou produto de técnicas de difusão massiva de imagens. Ele é a expressão de uma Weltanschauung, materialmente traduzida. É uma visão cristalizada do mundo.
6-O espetáculo, compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o resultado e o projeto do modo de produção existente. Ele não é um complemento ao mundo real, um adereço decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto do entretenimento, o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante. Ele é a afirmação onipresente da escolha já feita na produção, e no seu corolário -- o consumo. A forma e o conteúdo do espetáculo são a justificação total das condições e dos fins do sistema existente. O espetáculo é também a presença permanente desta justificação, enquanto ocupação principal do tempo vivido fora da produção moderna.


Guy Debord - A Sociedade do Espetáculo

Nosso tempo, sem dúvida . . . prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser. . . O que é sagrado para ele, não passa de ilusão, pois a verdade está no profano. Ou seja, à medida que decresce a verdade a ilusão aumenta, e o sagrado cresce a seus olhos de forma que o cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.

Feuerbach - Prefácio à segunda edição de A Essência do Cristianismo


Só para limpar a mente.

Fonte:http://www.geocities.com/projetoperiferia4/se.htm
Foto:http://www.eventnetwork.org.uk/programme/screenings/117

Que barato essa letra...


Eu tava encostado ali minha guitarra
No quadrado branco vídeo papelão
Eu era o enigma, uma interrogação
Olha que coisa mais que coisa à toa, boa boa boa boa boa
Eu tava com graça...
Tava por acaso ali, não era nada
Bunda de mulata, muque de peão
Tava em Madureira, tava na bahia
No Beaubourg no Bronx, no Brás e eu e eu e eu e eu
A me perguntar: Eu sou neguinha?
Era uma mensagem lia uma mensagem
Parece bobagem mas não era não
Eu não decifrava, eu não conseguia
Mas aquilo ia e eu ia e eu ia e eu ia e eu ia e eu ia
Eu me perguntava: era um gesto hippie, um desenho estranho
Homens trabalhando, pare, contramão
E era uma alegria, era uma esperança
E era dança e dança ou não ou não ou não ou não ou não tava perguntando:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu tava rezando ali completamente
Um crente, uma lente, era uma visão
Totalmente terceiro sexo totalmente terceiro mundo terceiro milênio carne nua nua nua nua nua nua nua
Era tão gozado
Era um trio elétrico, era fantasia
Escola de samba na televisão
Cruz no fim do túnel, becos sem saída
E eu era a saída, melodia, meio-dia dia dia
Era o que dizia: Eu sou neguinha?
Mas via outras coisas: via o moço forte
E a mulher macia den'da escuridão
Via o que é visível, via o que não via
O que a poesia e a profecia não vêem mas vêem, vêem, vêem, vêem, vêem,
É o que parecia
Que as coisas conversam coisas surpreendentes
Fatalmente erram, acham solução
E que o mesmo signo que eu tenho ler e ser
É apenas um possível ou impossível em mim em mim em mil em mil em mil
E a pergunta vinha:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?


Eu sou neguinha?
Caetano Veloso

Fonte: A foto maravilhosa, diga-se de passagem, é de ccarriconde (Cris).Peguei no flickr.www.flickr.com

A Murdochização da Mídia Global



Em economia, especialmente no Varejo, escuta-se falar há algum tempo de um fenômeno chamado "Wal-martização" da economia global. O cerne do capitalismo é a busca pelo lucro, mas a globalização monopolista tornou esse apetite um pouco sádico, auto-fágico demais talvez. A obsessão desenfreada pelo corte de custos vem há algum tempo gerando efeitos colaterais na esfera particular da vida humana chamada trabalho.E é infinita a criatividade dos seus efeitos alienantes. No caso do Wal mart e de grande parte da economia americana e mundial que o segue, isso significa: menores salários, mais horas de trabalho não regulamentadas, emprego de imigrantes ilegais, menos assistência social e menor poder dos sindicatos. É o desmonte do estado do bem estar social, provavelmente o melhor sistema que história humana já produziu.
O mesmo processo ocorre é claro, no mundo da mídia global.Porém num nível muito mais perverso. Não se corrói só os valores dos salários ou o poder de negociação dos funcionários, corróem-se os fatos, o caráter dos fatos.
Em 31 de julho passado, venceu uma vez mais a banalização, a vulgarização, o escândalo, o sensacionalismo e a ideologia medíocre do lucro rápido à qualquer custo. Perderam os valores éticos, o padrão editorial e a isenção entre poder e a mídia. Foi o dia da compra por US$5.6 bi do Wall Street Journal, o maior jornal de finanças e economia do mundo.
Rupert Murdoch, australiano dono da News Corp, foi o comprador.Dono da Fox(não custa lembrar-se do papel dos noticiários desta emissora na "confusa" apuração da re-eleição de George W. Bush), da National Geographic, e do principal(leia-se mais vulgar) tablóide inglês The Sun.
Murdoch molda livremente o futuro do que chama de Nova Comunicação Global, criticando, por exemplo, o padrão da BBC que considerou possuir um viés demasiado à esquerda na sua cobertura do desastre do furacâo Katrina em Nova Orleans.
Em agosto o jornal inglês The Observer entrevistou nova-iorquinos sobre a nova aquisição de Murdoch. Cito um deles, um senhor aposentado chamado Norm Zinger,65 :"Eu nunca partilhei da visão política da seção editorial do WSJ(tradicionalmente conservadora).É demasiado à direita de onde me encontro.Dito isso eu acredito que as máterias e reportagens do WSJ são o que há de melhor disponível e em 20 anos nunca atentaram mudar minha visão. Meu medo é que as linhas entre as páginas editoriais e a das reportagens se torne demasiado borrada'.
Seria bom lembrar disso quando se assiste um episódio dos Simpsons.

Fonte: A imagem veio do blog: http://innercontinental.wordpress.com/2007/05/24/true-green/