Em economia, especialmente no Varejo, escuta-se falar há algum tempo de um fenômeno chamado "Wal-martização" da economia global. O cerne do capitalismo é a busca pelo lucro, mas a globalização monopolista tornou esse apetite um pouco sádico, auto-fágico demais talvez. A obsessão desenfreada pelo corte de custos vem há algum tempo gerando efeitos colaterais na esfera particular da vida humana chamada trabalho.E é infinita a criatividade dos seus efeitos alienantes. No caso do Wal mart e de grande parte da economia americana e mundial que o segue, isso significa: menores salários, mais horas de trabalho não regulamentadas, emprego de imigrantes ilegais, menos assistência social e menor poder dos sindicatos. É o desmonte do estado do bem estar social, provavelmente o melhor sistema que história humana já produziu.
O mesmo processo ocorre é claro, no mundo da mídia global.Porém num nível muito mais perverso. Não se corrói só os valores dos salários ou o poder de negociação dos funcionários, corróem-se os fatos, o caráter dos fatos.
Em 31 de julho passado, venceu uma vez mais a banalização, a vulgarização, o escândalo, o sensacionalismo e a ideologia medíocre do lucro rápido à qualquer custo. Perderam os valores éticos, o padrão editorial e a isenção entre poder e a mídia. Foi o dia da compra por US$5.6 bi do Wall Street Journal, o maior jornal de finanças e economia do mundo.
Rupert Murdoch, australiano dono da News Corp, foi o comprador.Dono da Fox(não custa lembrar-se do papel dos noticiários desta emissora na "confusa" apuração da re-eleição de George W. Bush), da National Geographic, e do principal(leia-se mais vulgar) tablóide inglês The Sun.
Murdoch molda livremente o futuro do que chama de Nova Comunicação Global, criticando, por exemplo, o padrão da BBC que considerou possuir um viés demasiado à esquerda na sua cobertura do desastre do furacâo Katrina em Nova Orleans.
Em agosto o jornal inglês The Observer entrevistou nova-iorquinos sobre a nova aquisição de Murdoch. Cito um deles, um senhor aposentado chamado Norm Zinger,65
:"Eu nunca partilhei da visão política da seção editorial do WSJ(tradicionalmente conservadora).É demasiado à direita de onde me encontro.Dito isso eu acredito que as máterias e reportagens do WSJ são o que há de melhor disponível e em 20 anos nunca atentaram mudar minha visão. Meu medo é que as linhas entre as páginas editoriais e a das reportagens se torne demasiado borrada'.Seria bom lembrar disso quando se assiste um episódio dos Simpsons.
Fonte: A imagem veio do blog: http://innercontinental.wordpress.com/2007/05/24/true-green/