Eyes on Darfur
Mais de 200 mil pessoas já morreram e 2 milhões foram expulsas de suas casas desde 2003 no conflito de Darfur no oeste do Sudão.
O conflito opõe principalmente os janjawid - milicianos recrutados entre os baggara, tribos nômades africanas de língua árabe e religião muçulmana - e os povos não-árabes da área. O governo sudanês, embora negue publicamente que apóia os janjawid, tem fornecido armas e assistência e tem participado de ataques conjuntos com este grupo miliciano.
Em julho e agosto de 2006, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 1706, que prevê o envio de uma nova força de manutenção da paz da ONU, composta de 20 000 homens, para substituir as tropas da União Africana presentes no local, que contam com 7 000 soldados. O Sudão opôs-se à Resolução e, no dia seguinte, lançou uma grande ofensiva na região.
Ban-Ki-Moon declarou que este conflito também possui causas mais complexas:
...Diferentemente da Segunda Guerra Civil Sudanesa, que opôs o norte muçulmano ao sul cristão e animista, em Darfur não se trata de um conflito entre muçulmanos e não muçulmanos pois a maioria da população é muçulmana, inclusive os janjawid.
Falamos sempre de Darfur utilizando uma cômoda linguagem política e militar, descrevendo-o como um conflito étnico que opõe milícias árabes a rebeldes e agricultores negros. Mas, ao nos debruçarmos sobre as raízes desse conflito, vemos uma dinâmica mais complexa. Além das causas sociais e políticas, ele se iniciou como uma crise ecológica, provocada, em parte, por uma alteração climática.
Há duas décadas, as chuvas começaram a se tornar raras no sul do Sudão. Os cientistas pensaram que se tratava de um capricho da natureza.
Pesquisas posteriores mostraram que esse fenômeno coincidiu com um aumento da temperatura das águas do oceano Índico que perturba a estação das monções. Isso leva a pensar que a seca na África subsaariana se deve, pelo menos em parte, ao aquecimento do planeta provocado pelo homem.
Não foi por acaso que a violência deflagrou em plena seca. Um artigo recente de Stephan Paris, publicado na "Atlantic Monthly", descreve o caloroso acolhimento que os agricultores negros dispensavam aos pastores quando estes atravessavam suas terras, onde seus camelos pastavam e cujos poços partilhavam. Mas, quando deixou de chover, os agricultores ergueram barreiras, com medo de que suas terras fossem destruídas pelos rebanhos. Pela primeira vez, não houve água nem alimento para todos. E eclodiram os combates que, em 2003, se transformaram em tragédia...
A Anistia Internacional lançou em 6 de Junho, o site «Eyes on Darfur». Seu intuito é publicar fotografias via satélite das atrocidades cometidas na região Oeste do Sudão.
As fotos são uma maneira de documentar crimes negados pelo Governo sudanês. Os observadores poderão então "vigiar" 12 aldeias altamente vulneráveis do Darfur que ainda estão intactas.
O conflito de Darfur demonstra que o mundo precisa urgente de novos instrumentos políticos para solucionar problemas cada vez mais intrincados.
Fonte: http://www.eyesondarfur.org/
http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=362578
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/06/06/ult729u68034.jhtm
1 Comments:
Oi João, muito importante ver algo sobre Darfur aqui no teu blog. Tomara que isso se espalhe por outros tb. Vale lembrar a influência da China (forte apoiadora do senhor Bashir) naquela região e que somente agora resolve tomar alguma medida (terá isso alguma coisa a ver com os jogos olímpicos?), bem como alguns países árabes. Ainda há esperança.
Abraço, Dri.
Postar um comentário
<< Home