quinta-feira, dezembro 07, 2006

Genital Verstümmelung

8.000 garotas sofrem algum tipo de mutilação gentital todos os dias no mundo. 150 milhões de mulheres vivem atualmente com este trauma. As principais áreas de ocorrência deste crime localizam-se na Africa sub-sahariana e Egito (onde a mutilação assumiu, por incrível que pareça, um caráter médico?!). Mas existem também ocorrências no Oriente Médio e Indonésia, países de religião majoritariamente islâmica.
Em 22 e 23 de novembro último, entretanto, uma iniciativa positiva foi concretizada com a conferência da Universidade de Azhar (o maior centro teológico sunita do mundo), no Cairo, onde encontraram-se "scholars" e especialistas na Lei do Alcorão, além de personalidades do mundo islâmico.
O resultado desta conferência foi a declaração de uma resolução que ainda não virou Fatwa: -Não existe nenhuma justificativa religiosa para a práticas. As três principais religiões monoteístas mundiais definem o homem como sendo uma criação perfeita do todo-poderoso, e condenam qualquer dano infligido à criação de Deus. No seu sura 95, verso quatro, o Alcorão afirma: "Nós criamos o homem segundo a nossa mais perfeita imagem". Além disso, o islamismo preconiza que tanto os homens quanto as mulheres devem experimentar a satisfação sexual, e satisfazer a mulher é considerado um dever conjugal do marido - uma tarefa praticamente impossível quando a mulher é circuncidada. Os teólogos e clérigos na platéia declararam, em sua maioria, que a circuncisão feminina é um costume deplorável, para o qual não existe qualquer fundamento nos textos religiosos. Eles pediram aos parlamentos dos países nos quais essa prática é comum que instituam leis transformando a mutilação genital em crime.
Por mais incrível que pareça, a conferência de Azhar foi idealizada, financiada e organizada por um ocidental. Rüdiger Nehberg, 71, um homem conhecido por aventuras como a travessia do Oceano Atlântico em um barco movido a pedal, criou em 2000 a Target (patrocinadora do evento) uma organização de direitos humanos dedicada a combater a mutilação genital feminina. Desde então, Nehberg, acompanhado da sua companheira, Annette Weber, tem viajado pela África com a sua câmera de vídeo, documentando essa prática inumana, e procurando obter o apoio de lideranças políticas e religiosas à sua causa. Aonde quer que vá, Nehberg diz: "Esse costume só pode ser abolido com a força do islamismo". Ao organizar a conferência, sob os auspícios do Grande Mufti egípcio Ali Jumaa, o pragmático herói moderno Nehberg, pode ter alterado o destino de milhares de pessoas.

Fonte: Uol, www.uol.com.br, Der Spiegel http://www.spiegel.de/,

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mutilação na África, espancamento em São Paulo, estupro na Indonésia, abandono durante a gravidez em mil outros lugares... a lista de violências contra a mulher é grande e atinge o mundo todo. Informação é a única coisa que pode ajudar. Parabéns pelo texto e pela consciência de que até um blog tem sua responsabilidade. Beijos!

4:01 PM  
Blogger Cristina Caetano said...

Nesse caso específico de violência contra a mulher me parece mais cruel que qualquer outra por ter a força de um costume religioso por trás. Já vi documentários sobre o tema em que as mulheres mais velhas da tribo são as primeiras a defenderem esta mutilação, mesmo ccontra a vontade da jovem.
Lembro que uma Top Model africana (se não estou enganada) foi a primeira a denunciar o drama e acho que escreveu um livro sobre o assunto.

As leis servem apenas, e infelizmente para as cidades grandes, a África tem muitas tribos, a Indonésia tem a maioria da população também longe da capital, por isso, ainda vai levar muito tempo para acabarem com esse tipo de violência.

Quanto a todos os outros tipos de violência contra as mulheres somente, nós próprias, não admitindo-as e não aceitando-as, é que podemos acabar com ela. Pessoalmente, não admito a idéia de ser algum dia subjugada a um homem pela força ou mesmo moralmente. Se houver a tentativa, haverá luta em ambos os casos! ;)

bjos

7:07 PM  

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