Genital Verstümmelung

Em 22 e 23 de novembro último, entretanto, uma iniciativa positiva foi concretizada com a conferência da Universidade de Azhar (o maior centro teológico sunita do mundo), no Cairo, onde encontraram-se "scholars" e especialistas na Lei do Alcorão, além de personalidades do mundo islâmico.
O resultado desta conferência foi a declaração de uma resolução que ainda não virou Fatwa: -Não existe nenhuma justificativa religiosa para a práticas. As três principais religiões monoteístas mundiais definem o homem como sendo uma criação perfeita do todo-poderoso, e condenam qualquer dano infligido à criação de Deus. No seu sura 95, verso quatro, o Alcorão afirma: "Nós criamos o homem segundo a nossa mais perfeita imagem". Além disso, o islamismo preconiza que tanto os homens quanto as mulheres devem experimentar a satisfação sexual, e satisfazer a mulher é considerado um dever conjugal do marido - uma tarefa praticamente impossível quando a mulher é circuncidada. Os teólogos e clérigos na platéia declararam, em sua maioria, que a circuncisão feminina é um costume deplorável, para o qual não existe qualquer fundamento nos textos religiosos. Eles pediram aos parlamentos dos países nos quais essa prática é comum que instituam leis transformando a mutilação genital em crime.
Por mais incrível que pareça, a conferência de Azhar foi idealizada, financiada e organizada por um ocidental. Rüdiger Nehberg, 71, um homem conhecido por aventuras como a travessia do Oceano Atlântico em um barco movido a pedal, criou em 2000 a Target (patrocinadora do evento) uma organização de direitos humanos dedicada a combater a mutilação genital feminina. Desde então, Nehberg, acompanhado da sua companheira, Annette Weber, tem viajado pela África com a sua câmera de vídeo, documentando essa prática inumana, e procurando obter o apoio de lideranças políticas e religiosas à sua causa. Aonde quer que vá, Nehberg diz: "Esse costume só pode ser abolido com a força do islamismo". Ao organizar a conferência, sob os auspícios do Grande Mufti egípcio Ali Jumaa, o pragmático herói moderno Nehberg, pode ter alterado o destino de milhares de pessoas.

2 Comments:
Mutilação na África, espancamento em São Paulo, estupro na Indonésia, abandono durante a gravidez em mil outros lugares... a lista de violências contra a mulher é grande e atinge o mundo todo. Informação é a única coisa que pode ajudar. Parabéns pelo texto e pela consciência de que até um blog tem sua responsabilidade. Beijos!
Nesse caso específico de violência contra a mulher me parece mais cruel que qualquer outra por ter a força de um costume religioso por trás. Já vi documentários sobre o tema em que as mulheres mais velhas da tribo são as primeiras a defenderem esta mutilação, mesmo ccontra a vontade da jovem.
Lembro que uma Top Model africana (se não estou enganada) foi a primeira a denunciar o drama e acho que escreveu um livro sobre o assunto.
As leis servem apenas, e infelizmente para as cidades grandes, a África tem muitas tribos, a Indonésia tem a maioria da população também longe da capital, por isso, ainda vai levar muito tempo para acabarem com esse tipo de violência.
Quanto a todos os outros tipos de violência contra as mulheres somente, nós próprias, não admitindo-as e não aceitando-as, é que podemos acabar com ela. Pessoalmente, não admito a idéia de ser algum dia subjugada a um homem pela força ou mesmo moralmente. Se houver a tentativa, haverá luta em ambos os casos! ;)
bjos
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