Que foto é essa, pai?
Olhando melhor a foto, fiquei confuso. O lugar parece mais ser a Praia Grande. Se for, a época deve ser 61 ou 62. Naquele tempo passávamos uns tempos na Cidade Ocean onde uma namorada no Elcio, a Nadia, tinha apartamento. O carro, não sei de quem é. Parece ser um Chevrolet 53 mas não era de ninguem da turma. Se for a Cidade Ocean, o apartamento era uma kitchenete e só tinha espaço para a Nadia e sua mãe (estávamos começando a namorar). O Elcio e eu dormíamos no teto do Edíficio, na lage junto à caixa d'água. Não consigo lembrar o que tinha na mão nem quem bateu a foto. O Elcio era de Pinheiros. Conheci ele quando fazia o ginásio à noite lá em Pinheiros (no Alfredo Bresser). Depois passamos para o Fernão Dias para fazer o científico. Se a época for mesmo esta, eu já estava no Fernão Dias, cursando o científico à noite. Só fiz até o segundo ano. Repeti e sai. O Elcio tinha uma mãe muito legal, a D. Ercilia. Ela era do nordeste, gente que tinha plantação de cana, e contava que alguem pos fogo no canavial e perderam tudo. Ficou viúva. Ela tinha uma filha do primeiro casamento, a Terezinha, que, quando a conheci, apesar do nome, e da mãe ser baixinha, era uma mulher muito alta. A D.Ercilia veio para São Paulo e casou-se novamente com o Sr. Fausto e teve o Elcio. A Terezinha era então meia irmã mais velha uns 10 anos. Como eu morava no Bráz, acabava passando os fins de semana na casa do Elcio pois a turma era toda de Pinheiros. Ela sempre me recebeu muito bem. Sempre fazia lanches e almoços para os amigos do Elcio. O Elcio era baixinho mas muito boa pinta e tinha muitas namoradas. Ele tocava piano muito bem. Gostava de bossa nova e jazz. Chegou a tentar ter um conjunto mas não prosseguiu. Acabou abrindo, em casa, uma editora (Gazela) que na verdade uma revendedora de coleções de livro. Era usual na época que se vendessem coleçoes de livros de porta em porta. Já casado, cheguei a trabalhar com ele vendendo livros. A Terezinha era técnica de laboratório no Hospital das Clínicas. Conheceu o Mario, que era funcionário público, eu acho. O Mario era irmão do Flávio Rangel, famoso diretor de teatro. O Flávio ia muitas vezes aos almoços da D.Ercilia. Nesta época, o Mario saía para namorar a Terezinha e o Elcio e eu tinhamos que acompanhar. Só que o Mario nos arrumava entradas para teatro, ou shows, para se livrar de nós. No fim da noite nos encontrávamos para jantar que ele nos pagava no antigo Gigeto, que ficava num terreno alto em frente ao Teatro Cultura Artistica. Era para lá que iam os artistas depois dos espetáculos. O Mario queria ser ator (influencia do irmão, acho) mas casou e acabou indo trabalhar para a Enciclopedia Britanica. Acho que começou como vendedor. Acabou sendo um alto executivo da EB, gerente geral, acredito. Depois que casei, acabei ficando longe do Elcio, e da turma. Muitos anos depois encontrei o Elcio no prédio da empresa em que trabalhava para quem ele vendia formulários contínuos. Depois nunca mais. Há uns 2 ou 3 anos ele telefonou para casa e falou um tempão com sua mãe. Estava convidando para o lançamento de um livro que ele tinha escrito. Estava aposentado, acredito. Tinha se separado da esposa. A filha que tiveram tinha falecido. Apesar disto tudo, sua mãe disse que o Elcio estava com muito bom animo. Ele é espírita de religião. Pode ter ajudado. O que ele contou de engraçado para a sua mãe era que quando estava se separando da mulher, Áurea, esta começou um relacionamento com um vizinho amigo do mesmo prédio onde moravam. Eis que o vizinho vem pedir permissão do Elcio para namorar a Áurea. João, isto aqui está uma salada. Espero que te dê material para o que precisa.
Pai
Deu sim, pai. Você me deu o post pronto.
5 Comments:
amei. um beijo. dri.
O texto está tão rico em detalhes que a impressão é que também somos velhos conhecidos do Elcio, da D. Ercília e da Terezinha (que, apesar do nome, era alta... rs*).
Beijos!
Salseiro tropicalíssimo.
Bjos
Carol
Tem um ar meio Nelson Rodrigues, meio que a vida como ela é!
genial! o texto ficou ótimo!
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