Síndrome de final de ano
Só à custa de um bule de café preto e muito Lighthouse Family é que me meto a besta à escrever um post com um tema inóspito desses. É nestas horas sinto falta de ter um bicho andando pelo apartamento. Um gato talvez...
Todo dezembro a neurose é igual. Loucura judaico-cristã da culpa que a mercadologia de consumo aproveita e paradoxalmente todo mundo cai matando. Frustrações mil. Surpresas inesperadas e desagradáveis (Aquele parente vem mesmo?!.....), Egoísmos.Ofensas. Acidentes. Enganos. Todo mundo com os nervos à flor da pele.Talvez levemente contraditório com a mensagem padrão da época. Ah sem contar, que esse ano os caras ainda enforcam um diabo perto da virada, só pra contribuir com as energias positivas do universo.
Pra quê? Porquê tudo isso?
Atribuir e internalizar a noção de ruptura (ou como se prefere chamar: renovação) que foi designada ao fim de ano é uma coisa tão nociva e desconstrutiva que chega a dar medo. Quando se junta isso à era da descontinuidade atual, aí a coisa fica uma maravilha.
De um lado altera-se a nocão de tempo abruptamente como se fosse algo próximo à uma bomba relógio, uma contagem regressiva, o mesquinho:-o que vc fez este ano fez, o que não fez... E haja correria, para resolver tudo de última hora. De outro, estamos absurdamente cada vez mais longe do fazer, da experiência, do compartilhar, tudo que fazemos é revisitar, recriar, reaproveitar, repetir. Juntando esses dois dá essa insuperável época em matéria de frustração e recriações pobres sem imaginação.
Não queria mesmo falar disso. É uma hora rídicula para se ir contra tudo também. Bom, existe sempre alguém que se diverte pela gente (as crianças talvez)...
Na verdade o que me apetecia mesmo era escrever sobre noites de sábado. Noites que não se devia passar sozinho.
Fontes: A Foto é de Pascal Renoux http://www.pascalrenoux.com/. O texto é livremente inspirado num artigo de mesmo título de Christian Ingo Lenz Dunker da Revista Viver Mente e Cérebro deste mês.
5 Comments:
Acompanhar gravação de propaganda de supermercado e conhecer um Papai Noel profissional foi a minha estréia nessa síndrome. Não há espírito natalino que resista quando conhecemos até os bastidores da data mais comercial do ano. Nesse ano, a coisa complicou. Não havia café ou animalzinho andando pela casa que resolvesse esse problema de sábado...
Adorei o texto e a foto. Beijos!
PS: Você se sai muito bem com textos mais pessoais!
ué, achei que vc curtisse internalizar a noção de ruptura!
hahahaha
bjo
João
Há alguns benefícios nesta escala de anos.
Um ano é suficiente para cansarmos, nos estressarmos ou seja desistirmos de tudo. Porém quando há a virada parece que renascemos, com uma nova esperança e tocamos a vida
Abs
As angustias nos prendem em nossas mentes, envolta vejo pessoas radiantes. E aqui estou eu em meu canto com minhas paranoias. Observo tudo àquilo, vejo um brilho intenso nos olhos das pessoas, e sei que os meus nunca brilharam desta forma! Creio que não estou só apesar de me sentir assim, meu corpo obrigatoriamente participa de tudo, mais a mente esta presa e atormentada o que me resta e pedir desculpas aos meus por minha insensibilidade.
Postar um comentário
<< Home